A confusão na tarde/noite de autógrafos na loja da Matriz, em São Paulo, foi assunto do final de semana. A presença do time todo da loja/marca nascida em Porto Alegre e a abertura de seu primeiro endereço na capital paulista constituíam motivos para celebração. Mas havia o “fator Luan de Oliveira”, skatista de popularidade que, de tão rapidamente crescente, não é mensurável enquanto a história anda.
Alguns falam em falta de organização, que, de fato, poderia ter sido feita com mais carinho, ainda que se leve em conta a quantidade surpreendente de pessoas presentes. Outros, em falta de humildade dos skatistas, o que é um grande equívoco. Com absoluto desprezo pelos que fizeram baderna, furaram fila ou outras ações babacas, lamento pelos que ficaram horas na fila, tomaram chuva e foram embora sem autógrafo. Com vocês, reporto uma experiência particular: tinha 14 anos em 1988, convenci meu pai a me levar pra ver Tony Hawk, e tudo que vi foi um aceno e um pedido de desculpas dele por não estar em condição de andar de skate naquele dia. Eu sei como é a dor. Mas vejo coisas positivas em tudo que aconteceu na Rua Augusta nesse 10 de janeiro de 2014.
Claro que existem as pessoas que dizem que agora gostam menos do Luan do que antes. Porque nessa zona horizontal da rede social, as pessoas passam a achar um livro importante porque tem a dedicatória em seu nome, e não pelo trabalho do autor. Se eu consegui tirar foto com fulano de tal, aí sim ele é bom, porque eu estou ali, do lado dele. Então, se o Luan não me deu atenção, ele não é mais tão bom quanto antes, entende? Uma lógica inversa difícil de entender. A rede social criou um contato diário e instantâneo entre fãs e ídolos, e essa “proximidade” , na cabeça dos menos favorecidos intelectualmente, parece dar direito de fazer exigências, querer exclusividade e atenção além do que a fila de centenas de pessoas fazem supor ser possível.
Muitas boas cabeças do skate tem uma preocupação legítima com a falta de ídolos no skate, especialmente nessa era em que tudo é descartável, fugaz, brilha e apaga-se rapidamente. “Luan e TX, juntos, parariam qualquer loja do mundo” foi a mensagem que o Sidney Arakaki me passou ao saber do tumulto. O fato dos fãs de Luan serem da mesma faixa etária do ídolo os aproximam demais. Já vi cara querendo apresentar a irmã pra ele. Na sexta, tinha moleque carregando cartaz “me adota, Luan”. O que me deixa ainda mais feliz é que ele é um ídolo formado pelos vídeos das marcas que o patrocinam, nos relatos dos que presenciaram algumas de suas sessões, por seus resultados em competições, pela exposição na mídia especializada ou, o mais distante disso, na ESPN. Ele não foi na Malhação ou no Luciano Huck. Então, para aqueles que se afligem com a falta de ídolos no skate, uma certeza confortante: eles existem, sim, e acredito que sempre existirão. Talvez Luan seja, no momento, o mais representativo deles, mas com certeza não é o único. Foi engraçado observar o Iqui, que tecnicamente talvez seja tão capaz quanto qualquer estrela do skate mundial, aproveitar a confusão pra entrar na loja tranquilo. Até quando ele e outros viverão esse quase anonimato, só o tempo dirá.
Por Douglas Prieto
Um comentário:
queria saber quando vai rolar o sorteio dos brindes. quando deram aqueles cupons no dia do autógrafos.
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