Associado à rebeldia e restrito a grupos alternativos nos anos 1980 e 1990, o skate ganhou a simpatia de milhares de pessoas na última década e é hoje um esporte popular, praticado por 500 mil pessoas no Estado. Mas o crescimento, positivo para a saúde e a mobilidade urbana, traz um perigo intrínseco: a segurança de seus praticantes.
No último domingo, o jovem Hudson Felício Ilaria, 17 anos, morreu após chocar-se contra uma Kombi na Lomba do Pacheco, bairro Rubem Berta, zona norte da Capital. Ele não usava equipamentos de proteção.
A falta de capacete, cotoveleira, joelheira e luvas entre os adeptos do skate como esporte ou forma de locomoção aumenta os riscos de lesões graves e mortes. A preocupação é maior ainda pela lacuna de espaços satisfatórios para os skatistas em Porto Alegre. Para quem usa o skate como meio de transporte ou como equipamento de lazer, as ruas e avenidas — geralmente movimentadas — são os locais que oferecem maiores riscos.
Na modalidade street, a mais comum, os praticantes utilizam obstáculos urbanos — escadas, bancos, corrimãos — para as manobras. Já na downhill (descida de ladeiras), prática que Hudson realizava no momento do acidente, a velocidade pode ultrapassar os 100 km/h. Em ambos os estilos, qualquer acidente tem potencial elevado de gravidade.
— Na minha loja, quando vejo que o cara está começando, dou as orientações na frente do pai. A molecada não ouve o pai. Chego para andar em pistas e, muitas vezes, a criança está acompanhada dos familiares, em rampa de concreto, sem equipamento. E a iminência de uma batida na cabeça? — questiona Lannig.
— A maioria dos acidentes acontece com principiantes, não com praticantes de longa data. Não se deve ter uma postura negligente. Os pais precisam saber: muita gente vai para a rua sem orientação, e a omissão parte deles muitas vezes. O problema não é o skate, mas a atitude.
Skatistas de Porto Alegre querem pistas adequadas
De acordo com a Secretaria Municipal da Juventude, Porto Alegre conta hoje com 26 pistas. As principais são a do IAPI, do Parque Marinha do Brasil, do Centro Esportivo e Cultural da Bom Jesus, da Praça México e do Belém Novo. O número ainda é considerado baixo, para os aproximadamente 100 mil skatistas que costumam realizar suas manobras na cidade.
Entretanto, a Lomba do Pacheco, local onde morreu Hudson, não é considerado um ambiente de lazer. Nos finais de semana, algumas áreas de Porto Alegre costumam ser fechadas pela prefeitura para a prática de atividades esportivas e de lazer, como caminhadas, corridas, ciclismo e skatismo. A lista inclui os corredores de ônibus da Terceira Perimetral (domingos e feriados) e da Avenida Cascatinha (domingos e feriados), a Rua José Bonifácio (domingos, para o Brique da Redenção), a Avenida Edvaldo Pereira Paiva (sábado à tarde, domingos e feriados) e a Avenida Padre Cacique (domingos e feriados).
— Nossa cidade não é amigável para o esporte, por falta de espaço e política eficientes — argumenta Jean Andrade, ex-presidente da Federação Gaúcha de Skate.
Segundo ele, "quase todas as pistas são inadequadas, pois foram adaptadas de pistas de bicicleta, que são diferentes":
— Além disso, necessitamos de uma legislação municipal que determine o uso de equipamentos de proteção e limites legais.
O secretário municipal da Juventude, Luizinho Martins, salienta que há uma dificuldade legal para o fechamento de ruas e garante que a prefeitura está investindo em novas pistas:
— Para a prática corriqueira, é praticamente impossível fechar as ruas. Precisamos de uma mudança cultural nos skatistas. Uma galera não aceita isso, mas temos de trabalhar melhor. Quem quer andar tem de se prevenir.
Matéria por Maurício Tonetto, Zero Hora.
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